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Reflexões

Pensa na sua paz

Natal e Reveillon chegando, shoppings abarrotados, compras em alta, décimo terceiro salário, mais gente empregada (mais dinheiro circulando) e assim a nossa sociedade segue próspera e feliz.
Infelizmente essa realidade é mais trágica do que os jornais tentam nos falar. Vivemos em um mundo onde as pessoas só tem dinheiro na medida que outras não tem, recebemos pouco porque temos desempregados que aceitariam qualquer emprego, independente das condições de trabalho (vide um camponês que ganha R$3.00 para encher todo um caminhão de cana). A forma mais “fácil” de solucionar esses problemas é considerada ilegal, pois quase sempre envolverá violência e ataques a pessoas que somente cumprem seu emprego (os policiais) e são tão dependentes do dinheiro quanto qualquer outro.
Marx pesou no Comunismo, Baukin no Anarquismo, Jesus no Carisma e diversos outros pensadores pensaram em suas utopias. Porém, quando nos deparamos com a realidade não encontramos espaço para estas utopias, necessitaríamos de séculos para que ocorressem, e não queremos que o presente seja como ele é. Onde então ficaria a utopia?
Acredito fielmente que a utopia é uma rota, um destino a ser alcançado e que direciona nossas ações. No mundo do psy-trance falamos muito do PLUR, uma ideologia que na verdade não perde seu tempo definindo a realidade e sugerindo mudanças, mas prega uma postura, um modo de ser comportar e abordar o próximo.
Infelizmente observei nesses 5 anos de rave que o PLUR, além de ser obsoleto das festas do Rio, se tornou fonte de escárnio, o tal “plur my ass”.
Acho isso preocupante porque essa “utopia” nada mais é do que o bom senso, prezar pelo melhor e acima de tudo o respeito, ao próximo, a si mesmo e a Natureza. Entendo porque muita gente deu o foda-se para o PLUR, defendiam-no porém eram atropelados por potrancas e deveriam pedir desculpa, porque defendia uma coisa e era escarniado por isso, chamado de otário.
Porém, também não seria utópico achar que o PLUR existe nas raves que são frequentadas por muitas dessas pessoas que estão no shopping, pensando no consumo, ignorando pessoas a sua volta, pensando em melhorar de vida a qualquer custo e etc? Acho que quando vemos os tão famigerados fanfarrões e chamamos eles de “idiotas”, de pessoas que estragaram a cena (o que pode ter um fundo de verdade) estamos ao mesmo tempo nos contradizendo. O PLUR não defende a unidade que é composta pela diversidade? Não prezamos pelo respeito a diversidade? Então onde esta o sentimento de unidade e respeito quando delimitamos aquele que “ta na vibe do psy”? E que porra é essa afinal de contas?
To fazendo esse post não como crítica a festivais ou coisas afins, longe de mim. Mas sim porque mesmo entre os mais esclarecidos no mundo do trance eu observo sectarismo, preconceitos julgados como “constatação de fato” (argumento mais egocêntrico é impossível).
Será então que não temos uma contradição? Se ser tranceiro implica praticar o PLUR (mesmo que inconscientemente), como resguardar essa postura às raves? Como pode-se defender a diversidade se ela não é tão bem vinda nas raves? E não falo somente de preconceito contra os “fanfas”, mas sim contra pessoas com “cara de pobre”, de funkeiro ou quando a pessoa claramente é um paraquedista que foi lá só pra tomar a sua bala.
Afinal, onde esta o PLUR em cada um de nós?

Discussão

Um comentário sobre “Pensa na sua paz

  1. ótima matéria, gostei muito do ponto de vista não arbitrário parabéns.
    como gostaria de ler postagens como estas uma vez por dia, realmente com conteúdo.
    parabéns.

    Publicado por Jefferson | 7 de janeiro de 2011, 1:33 PM

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